Monday, November 26, 2007

O Viajante de Cristal

No seguimento do meu último post decidi escrever um pouquinho sobre George Greenough e sobre o seu filme Crystal Voyager, quanto a mim uma obra-prima de cinematografia que transcende apenas o surf.

Crystal Voyager é um filme obrigatório para os interessados nas personagens e raízes do surf moderno e principalmente na evolução do design e da construção dos nossos brinquedos de mar. Filmado na California e Austrália entre finais dos anos 60 e inícios de 70, em plena loucura hippie, muito basicamente o filme é uma viagem psicadélica pelo Universo de ideias e invenções de George Greenough.

Este filme mostra pela primeira vez filmagens dentro do tubo feitas com uma câmara inventada pelo gajo e que pelos vistos inspirou a construção das câmaras estanques actuais. George ficou também na história do surf como sendo o inventor da quilha moderna. Este filme tem imagens e ângulos de uma beleza incrível e completamente revolucionários para a época e que se tornam quase transcendentes com a banda sonora dos Pink Floyd, que pelo que li forneceram a banda sonora gratuitamente (só mesmo nos inocentes anos hippies...!). Ainda não experimentei, mas acho que para compreender completamente a visão de Greenough é preciso ver o filme com algum tipo de estímulo químico... Ou então depois de uma bela sessão de surf, quando ficamos assim meio naquele estado de transe...

Considerado por muitos como um iluminado, que muito a propósito até rima com flipado... (o gajo só usou sapatos 3 vezes na vida... pelos vistos até voa em primeira classe só para não ter que usá-los!), George Greenough nasceu em Santa Bárbara, nos EUA, mas vive desde à uns 10 anos na Austrália, em Byron Bay, o que não é surpresa nenhuma para quem conhece aquela vila cheia de mística, que desde os anos 60 atraí músicos e artistas de todo o Mundo. Podem ler aqui um texto do meu amigalhaço Francisco “Carekka” sobre este lugar mágico e sobre um incrível fim-de-semana que lá passámos, naquele que é o ponto mais Este do continente australiano e talvez por isso também o mais magnetizante (este texto foi publicado recentemente na revista Soup).

Tuesday, November 20, 2007

Um encontro com a História...

No outro dia fui mandar uma surfada à Sunshine Coast com o meu amigo Zé Gonçalves, um tuga australianizado que já vive por estas bandas há quase 20 anos. A Sunshine Coast á uma faixa de costa com uns 100 Km de comprimento e que se encontra a Norte de Brisbane. É considerada quase a antítese da famosa Gold Coast, que está a sul, isto porque é muito mais relax em termos de crowd apesar de também ter altas ondas, tais como as direitas de Noosa ou os Reefs de Kings Beach, mas também por ser uma zona onde se estabeleceram muitos dos australianos que quiseram fugir ao "stress" das metrópoles do Sul (Sydney, Melbourne e Adelaide) e que procuram um estilo de vida mais cool e claro, com muito surf!

Voltando ao assunto deste post, antes da dita surfada passámos na casa de um amigo do Zé por causa de umas cenas de trabalho que ele tinha que tratar. Enquanto ele falava com o bacano eu fiquei ali pelo quintal e reparei que ele tinha uma casota cheia de posters de surf nas paredes (e de umas boazonas também!). Espreitei lá para dentro (mesmo à bisbilhoteiro) e vi várias pranchas, entre as quais uma fish, uma mini-gun e um longboard. Mas o que me chamou mesmo a atenção foi uma prancha pequena e com um shape completamente diferente que tava lá num cantinho. Era uma "tábua" mesmo pequena (5' qualquer coisa) e super pesada, feita de fibra transparente de uns 2cm de grossura no meio, umas bordas cor-de-laranja muita grossas e com uma quilha enorme. Veio-me logo à uma memória uma prancha de kneeboard similar que vi num filme que o Etienne me arranjou há uns anos, chamado Crystal Voyager.

Mas o engraçado foi a história de como o bacano se tornou dono da prancha. Pelos vistos ele comprou um jacuzzi para pôr no quintal por 1.000 dólares através de uma anúncio no jornal. Quando o foi buscar o dono vira-se para ele: "Fazes surf, não é? Tenho praí uma prancha velha que já ando para me ver livre há uns tempos, se quiseres podes levá-la como bónus pela compra do jacuzzi...". O bacano aceitou claro, mas sem ter a mínima ideia do real valor da prancha. Só mais tarde um shaper amigo viu a prancha e ofereceu-lhe imediatamente 10.000 dólares! Resultado: a pranchinha é uma "Spoon" original de 1968, shapeada pelo próprio George Greenough e existem mesmo muito poucas ainda... uma autêntica relíquia!

Monday, November 5, 2007

Macacagem Algarvia à solta em Bali: Parte I

Os integrantes da trip: Luca "Cabeçadas" Guichard, Botas "El Presidente" Fidalgo, Miguel "Mâ tá tude doide?" Mouzinho e Joackim "Raspadelas" Guichard.

A minha primeira visão de Uluwatu... Quase que me matava na descida pois não conseguia tirar os olhos daquele cenário... Realmente é um lugar mágico, por várias vezes dei por mim a pensar no que terá passado pela cabeça dos primeiros surfistas que ali chegaram e se depararam com este cenário de sonho.

Um felizardo a entrar no expresso de Racetracks, umas das últimas e mais concorridas secções de Uluwatu. Parece fácil, mas garanto-vos que é difícil apanhar uma destas, não só pelo crowd, mas principalmente porque o coral está bem pertinho e é bem afiadinho...

As nossas instalações de luxo no camp. Apesar de até serem confortáveis qb, não devo ter dormido mais que umas 4/5 horas por noite por causa dos cães e galinhas das redondezas. Lá por aquelas bandas os animais não dormem e assim que um começa a fazer barulho (normalmente era uma galinha que começava) os outros começam a responder e de repente tá o cagaçal armado entre galinhas e cães e já ninguém dorme naquela terra... E quando não eram esses animais era o animal do Luca a mandar uns peidos mesmo barulhentos e pior que isso: tóxicos!
Peninsula de Bukit, vista desde Bingin. Foi pena ter tirado esta foto provavelmente no dia em que o mar esteve mais pequeno. Mesmo assim dá para ver os vários spots, começando desde lá fora: Uluwatu, Padang e Impossibles. Ao lado: Dreamland Beach vista do mesmo sítio, mas olhando para o lado direito. Eu e o Luca nas nossas "cabras"! Fizemos corridas épicas com estas máquinas, que soavam como Ducatis mas andavam como Casais de quarta! Foi tudo um grande pagode até que uma bela noite os manos Guichard não conseguiram acompanhar o ritmo da dupla Mouzinho/Botas e acabaram por ir lamber o alcatrão na chicane do warung! Acabaram por ter sorte e só ficaram com raspadelas de alcatrão, podia ter sido bem pior... Resultado: nada de surf até ao fim da trip pro Joackim e o Luca passou a usar capacete até para ir à mercearia da esquina.

Na manhã do mesmo dia do acidente de mota, o Lukinha tinha tido um encontro imediato com o coral em Temples. Resultado: 4 pontos na cachola e 5 dias sem surf pro menino! Ao lado podem ver os "beijinhos" que o Joackim deu no alcatrão.

Quem conhece os gémeos sabe que eles ficam malucos se ficam um único dia sem surfar. A seguinte foto demonstra o estado de loucura a que eles chegaram depois de ficarem 4 dias sem molhar o rabinho. Como podem ver, eu também fiquei meio maluco, pois como o Luca não molhava o rabinho, o cheiro tóxico que saia do dito acabou por me levar a um estado de insanidade tal que não parava de me contorcer descontroladamente. Ainda estou em tratamento de recuperação, mas desconfio que nunca mais voltarei a ser o mesmo...

A única coisa boa de os manos se terem lesionado e não poderem surfar foi eu finalmente ter alguém para me tirar umas fotos. Claro que a foto da única onda boa que apanhei saiu uma bela me&%@, não por culpa do Luca, mas sim porque quase já não havia luz... Por acaso foi a melhor onda que apanhei na trip e talvez umas das melhores esquerdas da minha vida, mas infelizmente a foto não lhe faz jus. Foram duas secções bem buraco e pesadas numa das partes mais rasas da bancada. Não tenho a certeza se a foto foi tirada entre as duas secções ou se foi quando finalmente saí da boca do bicho.

Entretanto o Miguel "Mik Jush" (Mixed Juice), que por ter passado 2 semanas sozinho com os manos antes de eu ter chegado já tinha desenvolvido resistência biológica à toxicidade do Luca, lá ia enchendo o papo em Racetracks, ou como ele dizia " Rascanhof":

Haverá melhor sítio do mundo para apreciar um pôr-do-sol?! E sem esquecer da bela Bintang fresquinha e de uma massagem "à boss" para um gajo entrar quase em transe de tanto relax... TO BE CONTINUED...

(NOTA: algumas descrições, nomeadamente as referências à soltura intestinal dos intervenientes, foram propositadamente exageradas para dar enfâse humorístico à repostagem...)

Saturday, November 3, 2007

Algures na Austrália...

Esta foto é dedicada a meu amigo João "Alentejano" Pires, que me vem visitar a estas latitudes daqui a umas semanas... Desculpa amigo... Bons pesadelos... Haha!!!