"Surfer, Dude"

Quando já pensava que a ideia de o surf ser apenas um passatempo inútil e que um Surfista é apenas um playboy de praia com um QI tão alto como as ondas do lago Ness, eram esteriótipos já moribundos e quase enterrados, não é que aparece agora esta mega produção de Hollywood, "Surfer, dude", que parece voltar a desenterrar de novo essas ideias para o público mainstream?! Já estou há algum tempo à espera que Hollywood faça um filme mais maduro e sério sobre o Surf, mas infelizmente parece que ainda não é desta... Ainda por cima sendo um "desporto" que está tanto na moda e que nos últimos anos parece que contagiou todos os estratos da Sociedade, esperava-se que algum realizador com um pouco mais de inteligência e sensibilidade pegasse na tarefa e pelo menos tantasse fazer algo de jeito. Enganei-me ou se calhar nem sequer era a intensão do realizador...

A verdade é que também me parece ser tarefa bastante difícil tentar passar para o ecrã o que representa verdadeiramente o Surf, até porque representa coisas diferentes para diferentes pessoas em diferentes fases da vida... E por outro lado de certa forma também já estou um pouco farto do exagero em torno da componente mais espiritual do surf. É inegável que é um "desporto" com uma importante componente espiritual e acho que é isso que o torna tão aliciante e também viciante, mas ultimamente tenho notado que há uma tendência para explorar demasiado isso e cair em exageros... De repente toda a gente quer ser Zen, quer ser Open-minded, quer ser Artista, quer ser Green, quer ser o Rasta,... Não tenho nada contra isso, muito pelo contrário, pois se toda a gente fosse pelo menos um pouco disso tudo o Mundo seria um sítio bem mais bonito, mas não basta querer ser ou parecer fisicamente, é preciso SER! Muita gente tenta ao máximo ser tudo isso que mencionei acima, mas quando chega a hora de mostrar a fibra de que são feitos o verdadeiro Ser salta cá para fora e muitas vezes é o completo oposto daquilo tudo... Mas também acho que não há nada de mal em não ser aquilo tudo, primeiro porque não existem verdades absolutas e também porque sei que é difícil lutar contra aquilo que se é... Não estou aqui a tentar dar um sermão sobre aquilo que se deve fazer ou ser, até porque não sou de todo um exemplo a seguir e sei perfeitamente que muitas vezes caí nesse erro e provavelmente voltarei a cair, mas digo isto quase que como num tom de lembrança para mim próprio para tentar evitar repetir esses erros... Tipo um objectivo para o Ano Novo.

(eh pá hoje estou demasiado filosófico e existencialista e era mesmo só para comentar brevemente o filme... desculpem aí!)